A
heteroavaliação e autoavaliação são dois conceitos facilmente distintos. O
primeiro associa-se à apreciação feita pelo professor sobre o trabalho
desenvolvido por um aluno, e o segundo à auto consciencialização do próprio
aluno sobre o seu percurso.
No
entanto, no conceito da heteroavaliação, perde-se facilmente a esfera do
desenvolvimento das aprendizagens, do esforço e do empenho que o aluno
demonstra durante o período letivo. Muitas vezes, cinge-se erradamente ao
cálculo da média dos resultados obtidos em situação de exame escrito, excluindo
o progresso e a evolução positiva do aluno no caminho das aprendizagens.
O
balanço feito na avaliação formativa, tanto pelo professor como pelo aluno,
pode e deve habilitá-lo a desenvolver a sua própria capacidade crítica,
consciencializando-o das suas limitações e principalmente das suas vitórias.
Por
muito tempo, a avaliação limitou-se a um conceito mensurável, onde o
instrumento mestre eram os testes escritos que permitiam o rigor e a isenção na
ponderação final da aprendizagens dos alunos. Progressivamente, entendeu-se que os elementos em consideração para
avaliação deveriam ser diversificados, adaptados e focados nas competências e
não simplesmente no só no "saber-saber".
A
autovaliação é assim assimilada pela avaliação formativa no sentindo em que
corroba os processos cognitivos, em que o "saber fazer", vai tomando
lugar no processo de ensino -aprendizagem, a par da responsabilização e consciencialização
do próprio aluno na aquisição dos seus conhecimentos.
A
progressão deverá ser registada e comunicada pelo professor, que é também o
mentor e o promotor da auto consciencialização do aluno sobre as aprendizagens adquiridas ou as que devem ser continuadas a trabalhar.
A
autoavaliação não é só uma reflexão, mas acima de tudo uma responsabilização
sobre o trabalho e o empenho que o aluno alocou às suas aprendizagens. Desta
forma, o aluno deixa de ser um elemento passivo - limitando-se a receber e
replicar os conteúdos transmitidos pelo professor, e passa a ser o construtor
do seu próprio percurso formativo. Por isto, as aprendizagens tendem cada vez
mais a assumir um carácter mais transversal, diversificado e próximo da
realidade de cada indivíduo. As aulas são assim um espaço onde todos podem
aprender de acordo com os seus interesses, cultivando a cultura do sucesso e da
positividade.
A
avaliação sumativa pode e deve de existir, pois é por esta via que se formaliza
a certificação do que os alunos sabem ou não sabem fazer, mas a avaliação
formativa deverá ser o fio condutor e motivador dos alunos para que estes, por
via da autoavaliação, tomem a consciência e a decisão de procurar de forma
sistemática, as resoluções ou os
conhecimentos ainda não adquiridos.
Fontes bibliográficas:
Fernandes, D. (2004). Avaliação das aprendizagens: uma agenda
muitos desafios. Lisboa: Texto Editores.
Fernandes, D. (2005). Avaliação das Aprendizagens: Reflectir, Agir e
Transformar. In Futuro Congressos e Eventos (Ed.), Livro do 3.º
Congresso Internacional Sobre Avaliação na Educação, pp. 65-78. Curitiba:
Futuro Eventos.
Fernandes, D. (2007). Avaliação das aprendizagens no sistema
educativo português. Educação & Pesquisa, 33 (3),
581-600.
Fernandes, D. (2008). Para uma teoria da Avaliação no domínio das
aprendizagens. Estudos em Avaliação Educacional, 19 (41),
347-372.
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