sábado, 18 de junho de 2016

A Dislexia – um tema a ter em consideração pelos professores


É comum ouvirmos nas nossas escolas falar de Dislexia e classificar como disléxicos um número cada vez mais relevante de crianças. A palavra dislexia aparece cada vez mais no nosso vocabulário, uma vez que estamos mais recetivos em tentar compreender o que se passa à nossa volta.
Porém, este termo é muitas vezes utilizado de forma incorreta, não lhe sendo atribuído um significado específico e para muitos uma criança disléxica é apenas aquela que escreve com bastantes erros ortográficos.


O termo Dislexia foi usado pela primeira vez em 1887 para descrever uma dificuldade isolada na leitura. Hoje em dia, é designada como dificuldade na leitura e na escrita ou dificuldade de aprendizagem específica. Há termos gregos semelhantes para designar outras formas de dificuldade de aprendizagem específica sendo, disortografia (dificuldade específica na ortografia); disgrafia (dificuldade específica na escrita) e discalculia (dificuldade específica na aritmética) (Selikowitz, 1998).
A Dislexia compreende um grupo de perturbações. Algumas destas perturbações têm tendência para aparecerem juntas, nas crianças. Problemas de ortografia fazem-se acompanhar por problemas de leitura e dificuldades na aritmética acompanham dificuldades de linguagem, no entanto, podem ocorrer outras combinações.
A Dislexia foi definida por alguns autores como a incapacidade de processar os símbolos da linguagem ou ainda como uma dificuldade na aprendizagem da leitura, com repercussão na escrita, devido a causas congénitas, neurológicas ou, na maioria dos casos, devido à imaturidade cerebral.
Em 1994, o DSM IV inclui a Dislexia como sendo uma das perturbações de aprendizagem e utiliza a denominação de “Perturbação da Leitura e da Escrita”.
Em 1996, o Instituto Nacional de Saúde e Desenvolvimento define a Dislexia como “uma desordem que se manifesta pela dificuldade em aprender a ler, sem que tal esteja relacionado com instrução convencional, adequação intelectual e oportunidades socioculturais”.
Mais tarde, em 2003, a Associação Internacional de Dislexia adotou a seguinte definição: “Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de um Défice Fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais”.
Atualmente esta ainda é a definição mais utilizada na comunidade científica.
De acordo com Cruz (1999), “a dislexia é considerada como uma perturbação da linguagem que se manifesta na dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita” (p. 34). Ou seja, repercute-se na dificuldade na distinção ou memorização de letras ou grupo de letras e de problemas de ordenação, ritmo e estruturação das frases.
Na perspetiva de Serra (2008), Dislexia representa uma “dificuldade da fala ou dicção”. Todavia muitos são os autores que associam ainda a dificuldade na aprendizagem da leitura.
Heinnigh (2003), citando a Associação Mundial de Neurologia, (1968), refere que a dislexia é “uma desordem, que se manifesta pela dificuldade em aprender a ler, apesar da escolarização convencional, do funcionamento intelectual adequado e das oportunidades socioculturais. Depende de deficiências cognitivas fundamentais, frequentemente de origem física” (p. 16).
Quando existe este tipo de diagnóstico, é essencial que as crianças beneficiem de adequações no processo de ensino-aprendizagem, para que se promova um ensino de qualidade, que contribua para o seu desenvolvimento e qualidade de vida. Segundo Antunes (2012), os alunos “com Dislexia sobem a ladeira da aprendizagem com um saco de pedras às costas, é natural por isso que se cansem e desanimem, com consequências óbvias na autoimagem. Com o tempo, sentimentos de desvalorização e depressão são frequentes.” (p. 54).






Referências bibliográficas de apoio
 Antunes, N. L. (2012) Mal-entendidos - Da hiperactividade à Síndrome de Asperger, da dislexia às perturbações do sono. As respostas que procura. (6ª ed.) Lisboa: Verso da Kapa.

Cruz, V. (1999). Dificuldades de aprendizagem. Fundamentos. Porto: Porto Editora.

Hennigh, K.A. (2003). Compreender a dislexia: Um guia para pais e professores. Porto: Porto Editora.

Ministério da Educação (2015). Programa e metas curriculares de Português do Ensino Básico. Lisboa: Ministério da Educação.

Selikowitz, M. (1998). Dislexia - Os factos. Lisboa: Texto Editora.

Serra, H. (2008). Estudos em necessidades educativas especiais, domínio cognitivo. Colecção Biblioteca do Professor. 1ª Edição. Porto: Editora Gailivro.

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