É
comum ouvirmos nas nossas escolas falar de Dislexia e classificar como
disléxicos um número cada vez mais relevante de crianças. A palavra dislexia
aparece cada vez mais no nosso vocabulário, uma vez que estamos mais recetivos
em tentar compreender o que se passa à nossa volta.
Porém,
este termo é muitas vezes utilizado de forma incorreta, não lhe sendo atribuído
um significado específico e para muitos uma criança disléxica é apenas aquela
que escreve com bastantes erros ortográficos.
O
termo Dislexia foi usado pela primeira vez em 1887 para descrever uma
dificuldade isolada na leitura. Hoje em dia, é designada como dificuldade na
leitura e na escrita ou dificuldade de aprendizagem específica. Há termos
gregos semelhantes para designar outras formas de dificuldade de aprendizagem
específica sendo, disortografia (dificuldade específica na ortografia);
disgrafia (dificuldade específica na escrita) e discalculia (dificuldade
específica na aritmética) (Selikowitz, 1998).
A
Dislexia compreende um grupo de perturbações. Algumas destas perturbações têm
tendência para aparecerem juntas, nas crianças. Problemas de ortografia
fazem-se acompanhar por problemas de leitura e dificuldades na aritmética
acompanham dificuldades de linguagem, no entanto, podem ocorrer outras combinações.
A
Dislexia foi definida por alguns autores como a incapacidade de processar os
símbolos da linguagem ou ainda como uma dificuldade na aprendizagem da leitura,
com repercussão na escrita, devido a causas congénitas, neurológicas ou, na
maioria dos casos, devido à imaturidade cerebral.
Em
1994, o DSM IV inclui a Dislexia como sendo uma das perturbações de
aprendizagem e utiliza a denominação de “Perturbação da Leitura e da Escrita”.
Em
1996, o Instituto Nacional de Saúde e Desenvolvimento define a Dislexia como
“uma desordem que se manifesta pela dificuldade em aprender a ler, sem que tal
esteja relacionado com instrução convencional, adequação intelectual e
oportunidades socioculturais”.
Mais
tarde, em 2003, a Associação Internacional de Dislexia adotou a seguinte
definição: “Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem
neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na
leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades
resultam de um Défice Fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades
cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades
de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir o
desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais”.
Atualmente
esta ainda é a definição mais utilizada na comunidade científica.
De
acordo com Cruz (1999), “a dislexia é considerada como uma perturbação da
linguagem que se manifesta na dificuldade de aprendizagem da leitura e da
escrita” (p. 34). Ou seja, repercute-se na dificuldade na distinção ou
memorização de letras ou grupo de letras e de problemas de ordenação, ritmo e
estruturação das frases.
Na
perspetiva de Serra (2008), Dislexia representa uma “dificuldade da fala ou
dicção”. Todavia muitos são os autores que associam ainda a dificuldade na
aprendizagem da leitura.
Heinnigh
(2003), citando a Associação Mundial de Neurologia, (1968), refere que a dislexia
é “uma desordem, que se manifesta pela dificuldade em aprender a ler, apesar da
escolarização convencional, do funcionamento intelectual adequado e das
oportunidades socioculturais. Depende de deficiências cognitivas fundamentais,
frequentemente de origem física” (p. 16).
Quando
existe este tipo de diagnóstico, é essencial que as crianças beneficiem de
adequações no processo de ensino-aprendizagem, para que se promova um ensino de
qualidade, que contribua para o seu desenvolvimento e qualidade de vida.
Segundo Antunes (2012), os alunos “com Dislexia sobem a ladeira da aprendizagem
com um saco de pedras às costas, é natural por isso que se cansem e desanimem,
com consequências óbvias na autoimagem. Com o tempo, sentimentos de
desvalorização e depressão são frequentes.” (p. 54).
Referências
bibliográficas de apoio
Antunes, N. L. (2012) Mal-entendidos - Da hiperactividade à Síndrome de Asperger, da dislexia
às perturbações do sono. As respostas que procura. (6ª ed.) Lisboa: Verso
da Kapa.
Cruz, V. (1999). Dificuldades de aprendizagem. Fundamentos. Porto: Porto Editora.
Hennigh, K.A. (2003). Compreender a dislexia: Um guia para pais e professores. Porto:
Porto Editora.
Ministério da Educação (2015). Programa e
metas curriculares de Português do Ensino Básico. Lisboa: Ministério da
Educação.
Selikowitz, M. (1998). Dislexia - Os factos. Lisboa: Texto
Editora.
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