sábado, 18 de junho de 2016

Sobre a avaliação...

Avaliação das aprendizagens
- ser cooperativa, envolvendo aluno, professor, pais
Avaliação formativa
Avaliação sumativa
- controladora e planeadora, assente num projeto pedagógico;
- carácter permanente e intercalar;
- diagnóstica ou/e personalizada;
- consequente (de forma a aferir dificuldades que se repercutem para serem corrigidas imediatamente);
- pode ser informal (ou mais forma);
- ainda vista como qualitativa.
- classificatória, assumindo a “soma”;
- é normativa;
- carácter sistemático (prevista no plano de trabalho do docente) e final;
- sustentada na avaliação formativa;
- encarada como quantitativa, que permite posicionar o aluno relativamente aos objetivos;
- consiste na formulação de um juízo globalizante, com o objetivo da certificação, fornecendo um balanço de resultados no final de um segmento do processo de ensino-aprendizagem.
Ferramentas pedagógicas



Nas disciplinas de Português e de História e Geografia de Portugal, que leciono, a avaliação formativa tem, a meu ver, um papel de normalização permanente do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, pretende essencialmente assegurar, a todo o momento, a adequação desse processo à minha realidade, à realidade do grupo-turma, do aluno em particular, e também à realidade dos recursos existentes e que disponho. A avaliação formativa permite-me “seguir” de perto o aluno e as suas aprendizagens, ao longo de cada período ou sequência formativa, identificando os pontos fortes e fracos, com o objetivo de fornecer orientações e ou motivações para o prosseguimento e para sucesso da aprendizagem de cada aluno e da turma, em geral.
As decisões que resultam da avaliação formativa são de ordem pedagógica, contínuas, mutáveis e nunca são definitivas. Elas pretendem dar a conhecer ao aluno, aos pais do aluno e a mim sobre o que está a “correr” bem ou possa ser necessário corrigir ou melhorar e quais as medidas a tomar para continuar e melhorar, para que repercutam na avaliação sumativa.
Os procedimentos que tomo e sigo na recolha de informação e de dados no âmbito da avaliação formativa passam pela observação direta e repetida do desempenho do aluno/turma em aula; pela correção e verificação em sala de aula dos trabalhos realizados pelos alunos (por exemplo, os vulgos TPC’s, comentários de textos, questionários interpretativos orais e escritos, redações de textos escritos livres ou condicionados, resumos, fichas de conteúdos gramaticais, etc.); pelas intervenções de carácter oral voluntárias ou sugestionadas em debates, discussões ou exposições orais; pelas fichas de leitura de livros do Plano Nacional de Leitura e fichas de compreensão da leitura de textos de diversa natureza; pelas atividades práticas de escrita (redação de cartas e comentários a textos, imagens ou músicas e filmes, de inquéritos ou de fichas); pela aplicação de fichas que permitam comprovar a aquisição de conteúdos específicos; pelo acompanhamento, verificação e observação dos cadernos diários; por facultar fichas de autoavaliação ao aluno, que permitam a construção da “imagem” de um perfil do desempenho expectável, permitindo, ao aluno, identificar, por si próprio, os seus pontos fortes e fracos e proceder aos ajustes que avalia como urgentes e fundamentais.
Com estes procedimentos e elementos da avaliação formativa, pretendo privilegiar o aluno, promovendo e contribuindo, com regularidade, para a sua autonomia e sucesso escolar/formativo. É claro que tudo isto permite-me, enquanto pedagogo, a adoção de medidas que ajudem a superar, a melhorar e a continuar todo o processo de ensino-aprendizagem, dando-me também informação sobre o meu próprio trabalho.
Com a condução das atividades formativas para a avaliação sumativa, estas permitem-me prever atividades/estratégias de desenvolvimento para os alunos que têm um aproveitamento superior ao esperado, como também planificar práticas de reforço para alunos que manifestem algumas dificuldades. Para os alunos com dificuldades significativas, a avaliação formativa permite-me a conceção de atividades corretivas e suplementares, solicitando, se for o caso, de apoio individual.
Quero ainda mencionar que tendo em consideração, que a avaliação sumativa consiste num balanço daquilo que o aluno aprendeu e cujo se exige que seja globalizante, esta deve espelhar a súmula das aprendizagens formativas de conhecimentos, competências, capacidades e atitudes do aluno. Assim, a avaliação sumativa das disciplinas deve, necessariamente, incidir nos domínios de conhecimento da respectiva disciplina. Saliento que dever-se-á recorrer a processos diversificados de avaliação, sendo o clássico teste escrito/exame apenas um dos vários instrumentos, mas não o único, nem o favorecido.
Como professor contratado, quando chego a uma nova escola (local de trabalho) já estão definidos os critérios de avaliação da disciplina, pois em muitas das escolas em que tenho lecionado, este documentos (re)constrói-se no final ano letivo, de forma a entrar em vigor no ano letivo seguinte.
Os documentos de critérios de avaliação de disciplinas foram elaborados de acordo com os Programas e Metas Curriculares do Português e de História e Geografia de Portugal, emanados pela Direção-Geral de Educação, por ciclo de ensino/ano de escolaridade (ou nível se for o caso do Português Língua Não Materna, de acordo com o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas). Este trabalho fez-se em grupo com todos os professores do grupo disciplinar e teve em consideração os domínios e as competências, as capacidades e os conhecimentos, as atitudes e os comportamentos. Durante a elaboração dos critérios de avaliação foram definidos os elementos de avaliação e explícitas também as ponderações em percentagens atribuídas a cada item referido anteriormente. Uma vez elaborado, este documento teve de ser aprovado pelo Conselho Pedagógico da Escola de forma a ser implementado de forma válida.
Neste documento consta que os critérios gerais de avaliação devem-se aplicar em todas as situações, exceto em casos específicos como os cursos que têm regulamentos próprios (exemplo – Cursos Profissionais ou Vocacionais e de Educação e Formação de Adultos). Mais, as classificações atribuídas em final de período devem refletir sempre as avaliações dos períodos anteriores, à exceção dos casos específicos. De forma a envolver os pais e os alunos na avaliação, segue-se a obrigatoriedade de registo, nos enunciados dos testes, da cotação atribuída a cada pergunta e, nas folhas de resposta, a classificação atribuída a cada resposta, bem como os alunos devem ser informados, pelo professor da disciplina, sobre as datas de realização dos testes e outros instrumentos de avaliação. Todos os trabalhos e testes, depois de classificados, devem ser entregues aos alunos antes das reuniões de avaliação previstas pela legislação em vigor.

No âmbito do processo de definição dos critérios de avaliação, sabemos que estes constituem, em si, referenciais comuns, de cada escola, sendo operacionalizados pelo conselho de turma. Cabe à direção da escola garantir a divulgação dos critérios de avaliação junto dos alunos e encarregados de educação.
Contudo, é de salientar, em muitos casos que estes critérios referem-se “quase” apenas à avaliação sumativa, descurando a avaliação formativa, apesar de haver e ser cada vez mais relembrado que esta deva ser contemplada nos documentos de critérios de avaliação pela sua maior importância no processo de ensino-aprendizagem. A avaliação formativa é uma importantíssima modalidade de avaliação, assumindo um caráter contínuo, tendo em vista a regulação do processo de ensino-aprendizagem. Para o efeito, ela deve recorrer a uma enorme diversidade de instrumentos de recolha de informação, em função da natureza das aprendizagens e dos contextos em que ocorrem. A avaliação formativa fornece, ao professor, ao aluno, ao encarregado de educação e aos restantes intervenientes, informação sobre o desenvolvimento das aprendizagens e das competências dos alunos, de forma a permitir a revisão e melhoria dos processos de trabalho. A avaliação formativa é da responsabilidade de cada docente, em diálogo permanente com os alunos e em colaboração com os outros professores, quer do conselho de turma, quer do grupo disciplinar, quer ainda, quando necessário, com os serviços especializados de apoio educativo e os encarregados de educação.
O sucesso de uma escola tem de ter os critérios de avaliação bem estabelecidos e devidamente compreendidos por todos os intervenientes (professores, alunos e encarregados de educação) em função do que é oficializado nos programas e metas e no projeto curricular de escola.
Os critérios de avaliação procuram a objetividade e utilizam dados de natureza quantitativa que, em geral, são recolhidos através de uma diversidade de instrumentos. É uma abordagem que normalmente se diz baseada no pensamento criterial. O seu principal problema reside precisamente na definição de critérios que traduzam o que é verdadeiramente relevante para o que supostamente se pretende avaliar. Esta é, no entanto, a abordagem mais difundida e mais enraizada.
Os professores devem assumir a grande responsabilidade na definição dos critérios de avaliação, dado o seu papel ativo ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Assim, o combate ao trabalho individual, isolado e solitário do professor deve ser posto para trás, uma vez que a formulação de critérios de avaliação exige a colaboração, o trabalho cooperativo, a discussão e a problematização.
Os critérios de avaliação usados pelos professores devem concordar com os apresentados (para os próprios professores e para os alunos), devendo ser garantida a coincidência entre aquilo que é ensinado e aquilo que é deveras avaliado.


Referências bibliográficas:

DE KETELE, J.M. (2006). Caminhos para a avaliação de competências. Revista Portuguesa de Pedagogia. 40(3). 135147.

FERNANDES, D. (2011). Avaliar para melhorar as aprendizagens: Análise e discussão de algumas questões essenciais. In I. Fialho e H. Salgueiro (Eds.), Turma Mais e sucesso escolar: Contributos teóricos e práticos, pp. 81107. Évora: Centro de Investigação em Educação e Psicologia da Universidade de Évora.

PINTO, J. & SANTOS, L. (2006). A avaliação numa perspectiva formativa. In J. Pinto & L. Santos, Modelos de Avaliação das Aprendizagens (pp. 97128). Lisboa: Universidade Aberta.

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