A escola, a formação e a educação têm sobre o ser
humano uma ação modificadora e de enriquecimento. Contudo, de salientar que o
Homem se encontra num processo de transformações permanentes e contínuas ao
longo da sua vida.
De origem grega, o vocábulo didática significa arte de ensinar. No século XVII, Comenius homenageou
o termo na sua obra Didática Magna. Didática tem como essência o
ensino-aprendizagem de um determinado conteúdo. Este processo ensino-aprendizagem
decorre através de interações, na sala de aula, com o conteúdo que é ensinada
pelo docente e aprendido pelo aluno. Assim, o objetivo primordial de qualquer
didática é ajudar na melhoria do processo de ensino-aprendizagem de certo
conteúdo. O professor reflete sobre o quê e como ensinar, desenvolvendo, desta
forma, uma posição reflexiva de integração dos conhecimentos na prática letiva
(PROENÇA, 1989).
Tendo em consideração que nenhuma ciência é neutra e
que a educação tem como objetivo transformar e modificar os seres humanos, não
se poderá separar essa ação das presunções que lhe são implícitas. De acordo
com José Mattoso, a formação estrutural do ser humano é elevada relevância,
pois permite ao indivíduo viver de forma autónoma e com responsabilidade. Mais,
para autor, o conhecimento do passado de forma global proporciona que o aluno
detenha uma formação integral a partir da qual terá a possibilidade de compreender
a vida em sociedade.
Assim, o professor é, para além de organizador e
supervisor de situações de aprendizagem, um elemento mediador entre a aprendizagem dos
seus alunos e os conhecimentos que, por estes, devem ser apreendidos (PROENÇA,
1989; MOREIRA, 2001). Desta forma,
professor não deve centrar a sua ação no produto, mas sim no processo de
ensino-aprendizagem, considerando também o contexto e os alunos. Deve, por
isso, não só deter conhecimentos científicos e técnicos, como também uma visão
humanista dos alunos com que se depara e da relação que estabelece com eles,
constituindo todo um processo integrado de global. Para além disso, deverá
utilizar recursos didáticos multifacetados, diversas metodologias ativas de
ensino e uma multiplicidade de estratégias, atividades e tarefas que apontem para
a satisfação das necessidades de aprendizagem dos alunos e que desenvolvam,
através da prática e da reflexão crítica, as suas competências, as suas atitudes
e os seus valores (MOREIRA, 2001).
Na sua prática profissional, o professor, para além
dos conhecimentos teóricos e dos alunos, necessita considerar a dimensão
político-social da didática, pois leciona num contexto social concreto,
integrado num contexto educativo específico, com alunos de diferentes origens e
com expetativas variadas em relação à escola e ao seu papel formativo. Esta
multidimensionalidade da didática, na especificidade da Didática da História, acarreta
a confluência na ação educativa das óticas científica, técnica, humanista e
político social. Assim, a ação da didática revela-se na globalidade dos atos
humanos que a História pretende elucidar. (PROENÇA, 1989). Por outro lado,
o ensino deve partir de problemas práticos e não de atividades que conduzam à
repetição e/ou reprodução memorialística dos conhecimentos (MATTOSO, 2002).
Segundo Mattoso (2002), a aplicação do modelo de
aprendizagem baseado em problemas exige quatro cuidados:
1. Escolha de um problema;
2. Possibilite a identificação dos múltiplos fatores
que fizeram evoluir os acontecimentos;
3. Dê relevância ao papel dos protagonistas individuais;
4. O docente releve a representatividade do objeto de
estudo para a compreensão do comportamento humano socialmente.
Em jeito de conclusão, lecionar a disciplina de História
e Geografia de Portugal apresenta, ao professor, um desafio pela frente:
ensinar com técnicas motivadoras e seguindo uma linha estruturante da História,
com apoio de metodologias ativas, que possibilitem a resolução de problemas por
parte dos alunos. Mais, o professor terá de considerar muito bem o contexto e
os alunos que poderão condicionar a sua prática. Contudo, em ressalva, os
alunos são o centro do processo de ensino-aprendizagem, assim devem indo
construir o seu conhecimento, assumindo um papel ativo, num processo de
regulação e autorregulação de aprendizagens significativas (ARENDS, 2008; MOREIRA,
2001).
Referências Bibliográficas:
ARENDS, R. I. (2008). Aprender a ensinar. (7.ª ed.). Lisboa: Mc
Graw-Hill.
LE GOFF, Jacques. (1997). “Memória-História”. In Einaudi,
vol 1, p. 233-246. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
MATOSO, José. (2002). “A Escrita da História”. In Obras
Completas, vol. 10, p. 89-100. Lisboa: Círculo de Leitores.
MOREIRA, Joaquim Mendes. (2001). “Ensinar História, Hoje”. In Revista
História, III série, vol. 2, p. 33-39. Porto: Faculdade de Letras.
PROENÇA,
Cândida (1989). Didática da História. p. 26-33. Lisboa:
Universidade Aberta.
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