quinta-feira, 16 de junho de 2016

Pedagogia Diferenciada - quatro grandes desafios





De acordo com Perrenoud ainda são muitos os desafios na perspetiva da pedagogia diferenciada, de acordo com a diversidade de abordagens pedagógicas existentes que, por vezes, são ambíguas e contraditórias. Mas a proposta é mesmo a de encarar as seguintes questões básicas:
Como as crianças ou os adolescentes aprendem?
Como criar um sentido ao trabalho escolar?
Como proteger os alunos das desigualdades e das desordens por que passa a sociedade?
 Se o aluno encontra-se no centro do processo educativo, como motivar o professor a assumir responsabilidades, como organizador das situações de aprendizagens e, não como distribuidor de saberes?


1º desafio: em torno da aprendizagem e do ensino
- como os alunos aprendem?
- como promover uma relação com o saber, sustentada num verdadeiro sentido do trabalho escolar?
- como dar ao trabalho escolar a importância de preparação para a vida, protegido de conflitos, crises,  desigualdade e desordens que se constatam nas sociedades?
Defendeu-se  que ninguém pode aprender pelo aluno e que nenhum aluno pode aprender sozinho, favorecendo-se o trabalho por projecto, por pesquisas e por situações-problema.
→ rutura com a pedagogia de transmissão consumada.

2º desafio: em torno da diferenciação
- Estratégias de diferenciação, que escasseiam devido a:
Planificação de acordo com as taxionomias de objetivos;
Modelo de remediação;
Falta de nitidez entre pedagogia diferenciada e aula individual/particular.

Meirieu (1995) opôs duas orientações de diferenciação:
1 - centrada no diagnóstico prévio, de excelência e facilitadora para o professor
2 - não se poderia pretender conhecer o aluno antes de o termos envolvido numa tarefa.
O mesmo autor refere:
uma diferenciação [perfeita] que fosse… um grande computador no qual se colocariam… todas as informações prévias sobre os alunos e que nos permitisse obter… tudo o que devemos fazer com que os alunos [aprendam], façam…
Essa diferenciação está próxima da utopia educativa… do que de uma educação que tem em consideração o aluno e lhe permita existir e crescer.
O professor deve dar aos alunos, individualmente ou em grupo “de necessidade”, os meios intelectuais e afectivos para superar as dificuldades.
  

3º desafio: em torno da avaliação e da regulação
A avaliação formativa deve assumir maior importância, ou seja, deve procurar ajudar o aluno a aprender. Desta forma o ensino deve assumir-se como menos formal/tradicionalista, com formas de avaliação formativa e de trabalhos em subgrupos, por exemplo.
A avaliação formativa parece ser imprescindível quando se fala em pedagogia diferenciada. A avaliação tem de ser bem pensada para que ajude o aluno a aprender, sendo parte do seu processo de aprendizagem e não como uma medida que o classifique como “mais” ou “menos” competente.
O encorajamento de uma avaliação mais formativa permitirá envolver todos aqueles que refletem sobre a possibilidade de um tratamento pedagógico mais personalizado.
A avaliação formativa orientada pelo cuidado com a regulação, principalmente pela autorregulação das aprendizagens.


4º desafio: em torno da relação e da distância cultural
A escola e as suas atividades com o objetivo de  produzir resultados de aprendizagem nos alunos devem suscitar interesse, de forma  a que seja aceite o desafio da aprendizagem. Para haver essa aceitação por parte do aluno tem de existir o sentido para tal.
→ para tal há que (o professor) criar laços/vínculo humano e forte, com quem o aluno “se sinta bem”
As relações intersubjetivas são também interculturais, pois mesmo entre membros de mesma comunidade subsistem diferenças culturais, familiares, de género, geracionais, etc.



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