De acordo com Perrenoud ainda são muitos os desafios na perspetiva da
pedagogia diferenciada, de acordo com a diversidade de abordagens pedagógicas
existentes que, por vezes, são ambíguas e contraditórias. Mas a proposta é
mesmo a de encarar as seguintes questões básicas:
Como as crianças ou os adolescentes aprendem?
Como criar um sentido ao trabalho escolar?
Como proteger os alunos das desigualdades e das desordens por que
passa a sociedade?
Se o aluno encontra-se no
centro do processo educativo, como motivar o professor a assumir
responsabilidades, como organizador das situações de aprendizagens e, não como
distribuidor de saberes?
1º desafio: em torno da aprendizagem e do ensino
- como os alunos aprendem?
- como promover uma relação com o saber, sustentada num verdadeiro
sentido do trabalho escolar?
- como dar ao trabalho escolar a importância de preparação para a
vida, protegido de conflitos, crises,
desigualdade e desordens que se constatam nas sociedades?
Defendeu-se que ninguém pode
aprender pelo aluno e que nenhum aluno pode aprender sozinho, favorecendo-se o
trabalho por projecto, por pesquisas e por situações-problema.
→ rutura com a pedagogia de transmissão consumada.
2º desafio: em torno da diferenciação
- Estratégias de diferenciação, que escasseiam devido a:
Planificação de acordo com as taxionomias de objetivos;
Modelo de remediação;
Falta de nitidez entre pedagogia diferenciada e aula individual/particular.
Meirieu (1995) opôs duas orientações de diferenciação:
1 - centrada no diagnóstico
prévio, de excelência e facilitadora para o professor
2 - não se poderia pretender conhecer o aluno antes
de o termos envolvido numa tarefa.
O mesmo autor refere:
“uma diferenciação
[perfeita] que fosse… um grande
computador no qual se colocariam… todas as informações prévias sobre os alunos
e que nos permitisse obter… tudo o que devemos fazer com que os alunos [aprendam],
façam…
Essa diferenciação está próxima
da utopia educativa… do que de uma educação que tem em consideração o aluno
e lhe permita existir e crescer.
O professor deve dar aos alunos, individualmente ou em grupo “de
necessidade”, os meios intelectuais e afectivos para superar as dificuldades.
3º desafio: em torno da avaliação e da regulação
A avaliação formativa deve assumir maior importância, ou seja, deve
procurar ajudar o aluno a aprender. Desta forma o ensino deve assumir-se como
menos formal/tradicionalista, com formas de avaliação formativa e de trabalhos
em subgrupos, por exemplo.
A avaliação formativa parece ser imprescindível quando se fala em
pedagogia diferenciada. A avaliação tem de ser bem pensada para que ajude o
aluno a aprender, sendo parte do seu processo de aprendizagem e não como uma
medida que o classifique como “mais” ou “menos” competente.
O encorajamento de uma avaliação mais formativa permitirá envolver
todos aqueles que refletem sobre a possibilidade de um tratamento pedagógico
mais personalizado.
A avaliação formativa orientada pelo cuidado com a regulação,
principalmente pela autorregulação das aprendizagens.
4º desafio: em torno da relação e da distância cultural
A escola e as suas atividades com o objetivo de produzir resultados de aprendizagem nos
alunos devem suscitar interesse, de forma
a que seja aceite o desafio da aprendizagem. Para haver essa aceitação
por parte do aluno tem de existir o sentido
para tal.
→ para tal há que (o professor) criar laços/vínculo humano e forte,
com quem o aluno “se sinta bem”
As relações intersubjetivas são também interculturais, pois mesmo
entre membros de mesma comunidade subsistem diferenças culturais, familiares,
de género, geracionais, etc.
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