Didática da Língua Portuguesa
De origem grega, a palavra didática
transporta-nos para a teoria do método,
tendo como resultado as normas de uso a aplicar em cada situação. Encaremos a Didática como a ciência, ou o auxiliar da
Pedagogia, que se ocupa dos métodos e das técnicas do ensino e da instrução, no
sentido generalizado. Mais, a Didática é um
conjunto de métodos, princípios e técnicas aplicáveis a uma área curricular, em
particular, para que a aprendizagem da mesma se efetue com melhor e maior
eficiência.
O principal objetivo da Didática é estabelecer uma relação
pedagógica entre o professor e os alunos, para que no fim de um percurso, possam
estes últimos atingir os conhecimentos propostos.
A língua materna tem um papel fundamental no sistema
educativo enquanto disciplina dos diversos currículos. Denominando-se por Português,
ou também nalguns níveis Língua Portuguesa, tem a singularidade de ser, de
entre as várias disciplinas, a única presente em todos os anos de escolaridade,
independentemente de se tratar do ensino regular, alternativo, vocacional ou
profissional, isto é sobejamente revelador da sua importância. O anterior
Currículo Nacional do Ensino Básico ressalvava a importância que esta
disciplina possuía “no desenvolvimento das competências gerais de transversalidade
disciplinar” (Departamento da Educação Básica -
DEB - Ministério da Educação, 2001), por ser a língua de
escolarização e a língua materna da maioria da população escolar, e ser, de acordo com os autores do vigente
Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Básico, o “veículo
decisivo na construção dos saberes das outras áreas disciplinares” (Buescu,
Morais, Rocha, & Magalhães, 2015), sendo que dominar,
com conhecimento, a língua portuguesa é decisivo no desenvolvimento individual
de cada aluno, no acesso aos vários conhecimentos e na aquisição de
competências, no relacionamento social, no sucesso académico e profissional e
no exercício pleno e consciente da cidadania.
A especificidade
da didática da Língua Materna
Particularizando, e focando a Didática da Língua Materna,
especificamente a Didática da Língua Portuguesa, esta ocupa um
lugar muito preciso no ensino, em particular na relação que se estabelece entre
o professor e os alunos, uma vez que o código linguístico que é ensinado não é
desconhecido dos alunos, também falantes nativos da mesma língua, que a dominam
em diferentes graus de proficiência, mas que a dominam e conhecem (Reis &
Adragão, 1989).
O docente apenas transmite, aos alunos, algo
desconhecido quando aborda conteúdos relacionados com a literatura, a
gramática, a história da língua, as técnicas de análise de texto ou de escrita.
Assim, relativamente às restantes atividades realizadas em aula há uma cruzamento
entre o que professor e alunos conhecem. Desta forma, o desenvolvimento da
competência linguística, sociolinguística e pragmática, confluem para aquilo
que poder-se-á tornar o mais importante nas aulas de Português (Língua Materna),
ou seja, para o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos.
Relembre-se que os alunos estão permanentemente
expostos ao uso da Língua Portuguesa, e à sua utilização, em todos os contextos
do seu quotidiano, pelo que o ensino de um conteúdo tão conhecido de todos é inevitavelmente
diferente do ensino de outra disciplina (Reis & Adragão, 1989).
Os princípios metodológicos da Didática da
Língua Materna
O aluno é o centro do processo
ensino-aprendizagem, sendo um elemento de tanta relevância, é mais importante
do que os temas que se ensinam. Ora, cada aluno é um ser único e diferente,
detentor de competências e de um ritmo próprio, sendo que a aprendizagem faz-se
por aquisições e enriquecimentos sucessivos.
O professor tem (e nunca se deve esquecer de
tal) a consciência de que a língua é de todos os falantes e que a sua execução
varia e sugere estratégias diversificadas. Comunicar oralmente ou por escrito, através da leitura e da escrita é
um comportamento que deve ser regulado pelo professor, pois a ele cabe propor
comportamentos verbais adequados a cada situação e eficientes no alcance dos
objetivos estipulados. Assim, a atenção do professor recai no nível de
língua padrão, porém, não deve esquecer as diferentes realidades dos diferentes
alunos que tem diante de si e, face a essa pluralidade singular, não pode desconsiderar a diversidade de níveis e
registos, devendo respeitar as produções dos alunos, pespetivando a sua
melhoria, é claro. O ensino da língua materna deve dar também importância
a todos os conteúdos da comunicação, aos
seus intervenientes e formas comunicacionais, isto é, às componentes
informativa, interpessoal e à textual, que devem ter como sendo, todos eles,
como “fundamentais na estruturação de qualquer execução linguística.” (Reis & Adragão, 1989)
As aulas de Português devem assegurar que a aquisição
e o aperfeiçoamento das componentes da prática da língua que acontecem nas
aulas se caracterizam pela diferenciação face às que acontecem noutros
contextos, formais ou informais, de aprendizagem, como lugar singular de treino
e de consciencialização linguística. De focar, e de acordo com Emília Amor
(1996), que qualquer processo de apropriação linguística envolve aquisição e
aprendizagem e a diferença entre estas centra-se no grau em que são
desenvolvidas: “atividade operativa ou procedimental (dominante no processo de
aquisição); atividade reflexivo-declarativa (emergente no processo de aprendizagem)”.
Objetivos
da Didática da Língua Materna
Em breves palavras dir-se-ia que o objetivo da
Didática da Língua Materna/Português é ensinar ao professor a melhor forma de ensinar,
peço perdão pela redundância. Contudo, o objetivo é formar professores e não
técnicos de ensino, por isso são avaliadas capacidades de reflexão sobre as
técnicas e de avaliação das mesmas na sua adequação às finalidades gerais da
disciplina de Português/Língua Materna e aos objetivos definidos para cada nível
de ensino e respectivo ano escolar.
Ora, quanto a mim, pretende a Didática do Português
conduzir à reflexão de forma a encontrar inovadoras e melhores estratégias
pedagógicas no âmbito do Português/Língua Materna. Sendo que a finalidade é o
ensino e o sucesso do aluno traduz-se no produto.
O professor de Português é o docente que
produz e reproduz as suas competências falante, leitora e de escrita, bem como a
sua capacidade de observar, descrever e interpretar, conduzindo ao ato de
refletir. Deve o professor de Português estar informado sobre todos os domínios
da Língua, de modo a ser um utilizador proficiente da mesma, assim como um
utilizador consciente das estratégias de ensino.
Desta forma, o professor poderá reconhecer
que está a formar alunos fluentes, competentes, críticos e com capacidade de
reflexão, treinando-os, estimulando-os, tendo em consideração os valores
individuais.
A não esquecer que, não se pode ensinar uma
língua, desconhecendo como se ensina. Assim, os professores de Português
deverão ter uma formação adequada, que promova a análise e a reflexão sobre os
objetivos específicos da sua função pedagoga e social, atuando didaticamente.
Referências Bibliográficas
Amor, E.
(1996). Didáctica do português. Lisboa: Texto Editora.
Buescu, H. C., Morais, J., Rocha, M. R., &
Magalhães, V. F. (2015). Programa e metas curriculares de português do
ensino básico. Lisboa: Ministério da Educação e Ciência.
Departamento da Educação Básica - DEB - Ministério
da Educação. (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico – competências
essenciais. Lisboa: Ministério da Educação.
Reis, C., & Adragão, J. (1989). Didáctica do
Português. Lisboa: Universidade Aberta.
Pedro Miguel Solitário Da Glória –
1501237 Curso de Profissionalização em Serviço